Igreja de Nossa Senhora da Assunção
(Igreja Matriz)

A Igreja Matriz de Colares foi, na sua origem, um templo quinhentista, do qual restam, no entanto, alguns elementos, como a pia de água benta, o púlpito de planta quadrada, ou os dois medalhões de São Pedro e São Paulo, que se encontram inscritos na parede exterior da capela-mor. Todo o templo foi objecto de uma remodelação no decorrer do século XVII, devendo-se a sua iniciativa a D. Dinis de Melo e Castro (doutor em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra, Desembargador da Relação do Porto, da Casa da Suplicação e do Paço, Bispo de Leiria, de Viseu, da Guarda e Regedor das Justiças) que, na primeira metade de Seiscentos desenvolveu um importante impulso mecenático na zona de Colares, da qual era natural (SERRÃO, 1989, p. 59).

Nesta obra trabalhou, em 1638, o mestre pedreiro André Duarte, sob a orientação de Pedro Nunes Tinoco (IDEM). Não se conhece, ao certo, qual o envolvimento do arquitecto régio na reedificação da igreja, mas a verdade é que esta não lhe é habitualmente atribuída, referindo-se apenas que teria fornecido a André Duarte algumas indicações. 

O espaço da nave que hoje conhecemos é, todavia, fruto desta campanha, que resultou num espaço maneirista, amplo, com paredes abertas por cinco arcos de volta perfeita, correspondentes a igual número de capelas (à excepção de um, onde se encontra a entrada lateral). Os azulejos de padrão que revestem os panos murários até à cornija, em tons de amarelo, azul e branco, são também do século XVII. No exterior, a fachada é delimitada por duplas pilastras que terminam antes do frontão triangular de remate do alçado. O eixo central é marcado pela abertura do portal, de linhas rectas, da janela e do óculo. 

Num plano ligeiramente recuado, ergue-se a torre sineira. O alçado lateral Sul exibe um conjunto de imponentes contrafortes, entre os quais se rasga a porta lateral. A capela-mor, e o arco triunfal que articula este espaço com o da nave, correspondem já a uma outra campanha, ocorrida nos primeiros anos de Setecentos. 

Para tal, foi contratado, em 1701 e pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, o arquitecto João Antunes, que deveria desenhar o novo retábulo-mor. Este, de estilo nacional, com colunas e arquivoltas torsas, apresenta embutidos marmóreos, inscrevendo-se no conjunto das suas primeiras obras, onde a cor era um elemento primordial (PIMENTEL, 1989, p. 33). As paredes da capela-mor encontram-se revestidas por painéis de azulejo azul e branco, com a representação de episódios da Vida da Virgem, atribuídos ao pintor lisboeta Manuel dos Santos (MECO, 1980, pp. 132-136; anteriormente estes azulejos haviam sido referenciados por Vírgílio Correia (p. 200) como obra dos Oliveira Bernardes, tendo ainda sido aproximados do ciclo oficinal de Bartolomeu Antunes por Santos Simões (1979, p. 320)). 

O arco triunfal, muito alteado, é encimado por frontão de aletas, interrompido pelo nicho central, que termina em frontão triangular. Com o Terramoto de 1755, a igreja conheceu alguns danos que em 1758 ainda não tinham sido reparados. Na verdade, a torre com o relógio exibe a data de 1798.

O património material da Matriz de Colares advém desde a extinta Irmandade do Santíssimo Sacramento até aos beneméritos e benfeitores hoje. 

Além de pintura, mobiliário, ourivesaria, escultória, arte sacra, etc., existe toda uma articulação de conceitos para a visão que temos hoje, de diferentes datas e épocas. 

Existe património pertencente à Paróquia de Colares, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, que recolheu algumas peças de ourivesaria de elevado valor, conforme fotos a seguir indicadas, e que poderão ser vistas na Exposição Permanente:

PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO - COLARES
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora