Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia

A Misericórdia de Colares foi fundada em 1623 por D. Dinis de Melo e Castro, bispo de Leiria, de Viseu e da Guarda, na época em que o eclesiástico estabeleceu a sua residência na vila. A igreja da irmandade ficaria sediada numa capela pertencente à família Melo e Castro, possivelmente edificada nos últimos anos do século XVI.

A capela possui uma estrutura marcada pela sobriedade, não se filiando no modelo das igrejas de misericórdia edificadas a partir da segunda metade do século XVI. É um pequeno templo familiar, de planta longitudinal de nave única que integra a capela-mor.

A fachada da capela apresenta uma estrutura simples, sem elementos decorativos. Terminada em empena, apresenta no primeiro registo duas portas de moldura rectangular, à direita a da capela, encimada por óculo, à esquerda a da casa do consistório, encimada por janela de sacada com guarda de ferro. Na cornija do portal da capela foi inscrita a data de 1623, numa alusão à fundação da irmandade.

O interior do templo possui coro-alto de madeira e púlpito quadrado do lado do Evangelho, fronteiro ao cadeiral dos irmãos da Misericórdia. O espaço é coberto por abóbada de berço. Na capela-mor, mais elevada e com tribuna, destaca-se o retábulo de talha maneirista, que se desenvolve em dois registos, de colunas dóricas estriadas o primeiro, de colunas coríntias o superior, que apesar da linguagem erudita do programa decorativo, é "mais tradicionalista no seu grafismo de superfícies planas e jogo de contrastes pouco acentuado" que outros retábulos da mesma época (SERRÃO, Vítor,1979,p.24); a linguagem de contrastes tipicamente maneirista é sobretudo transmitida pelas pinturas.

Executadas pelo pintor Cristóvão Vaz (idem, ibidem) para a família Melo e Castro quando ainda seriam os proprietários da igreja, na década de 90 do século XVI, constituem um conjunto de cinco pinturas, "Visitação", "Nossa Senhora da Misericórdia", "Cristo carregando a cruz", "Cristo na cruz", "Descida da cruz", que se mantém inalterado na sua disposição original. O retábulo, embora não seja um exemplar erudito da pintura maneirista portuguesa, demonstra através da composição e da cor, das figuras e dos panejamentos, como este pintor, discípulo de Diogo Teixeira, "se movia bem dentro do processo maneirista do "serpentinato" e da ambiguidade de efeitos" (SERRÃO, Vítor,1989,p.57).

Em meados do século XX a Capela da Misericórdia encontrava-se votada ao abandono, em estado ruinoso. No entanto em 1959 o retábulo foi restaurado, sendo a igreja reaberta ao culto.

Abrangido pela Zona Tampão da "Paisagem Cultural e Natural de Sintra", incluída na Lista de Património Mundial - ZEP (nº 2 do art.º 72.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro) e Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público

Poderá aprofundar mais no livro A Capela da Misericórdia de Colares, autoria António Serôdio Lopes.

Nesta Igreja, também, é venerada a Imagem de São Nuno de Santa Maria, padroeiro dos Escuteiros de Colares. 

PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO - COLARES
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora